AS VIRTUDES NOS LAÇOS FAMILIARES ATUAIS
AS VIRTUDES NOS LAÇOS FAMILIARES ATUAIS
“As nuvens estão a dissipar-se e o Sol está a romper. Estamos a sair das trevas para a luz. Estamos a entrar num novo mundo. Um novo tipo de mundo onde os homens vão subir acima do seu ódio e da sua brutalidade. A alma do homem ganhou asas e, finalmente, ele está a começar a voar. Ele está a voar para o arco íris, para a luz da esperança, para o futuro, esse futuro glorioso que te pertence, que me pertence e pertence a todos nós”. (Charles Claplin).
O nosso planeta Terra colhe os frutos dos prejuízos causados pela humanidade que se apresentam em forma de catástrofes naturais e transformações intensas no ecossistema. Tantospaíses martirizados pelas guerras, violências e injustiças, dos quais a Pátria do Evangelho destaca-sepela desordem política, econômica e social que decepciona e traz desesperança a inúmeros brasileiros. Imbuído pelos desajustes o Coração do Mundo carecedo lema da sua bandeira, Ordem e Progresso, edo melhor de cada cidadão que que vive e acredita nessa nação: as suas virtudes.
Em cada ser humano habita as suas potencialidades e a capacidade de fazer o bem de acordo com a sua evolução moral. Nada obstante, preenchidos pelas provas e expiações enfrentadas diariamente, essas faculdades são reprimidas a ponto de deixar o ego guiar as imperfeições. Fato complementadopela questão 895 de O Livro dos Espíritos ao afirmar que o interesse pessoal se trata do sinal mais característico de imperfeição. Questiona-se, então, quantos têmoptado pelos caminhos regidos pelo egoísmo?“As qualidades morais são, frequentemente, como o banho de ouro sobre um objeto de cobre que não resiste à pedra de toque”, assim acrescenta em concordância a reposta da mesma questão de O Livro dos Espíritos. Afinal, é muito fácil caminhar com as virtudes quando não há sombra, mas basta a pedra de toque para que as conquistas morais desapareçam como o ouro a cobrir o cobre e se transformem em escuridão.
Para o espirito Joanna de Ângeles, no seu livro Constelação Familiar, psicografado por Divaldo Franco, vive-se na Terra injustificável agressão às famílias resultados de tormentos irresponsáveis e imaturos daqueles encarregados pelo bem estar dos seus genitores. Desde a escolha pela maternidade ou paternidade feita, muitas vezes, de forma inconsequente até a educação dos filhos jovens adultos, a sociedade necessita que os pais reflitam sobre os seus comportamentos, que estejam presentes, famílias que se dediquem uns aos outros e convivam diariamente. A humanidade requer o despertar das virtudes em benefício dessa célula de amor, pois assim caminhará em coerência com a evolução que se encontra o planeta Terra.
Conquanto, o que se vê atualmente são famílias que perderam a capacidade de convivência a ponto de cadaintegrante envolto nas suas tarefas e compromissos pessoais apenas coabitarem o mesmo espaço. Dividem o tempo em almoços aos finais de semana ou em encontros diários ao final do dia, mas se perdem no seu espaço individual e não convivem verdadeiramente. A exemplo dos pais e casais que se esforçam para permanecerem unidos fisicamente na hora do jantar mas fecham-se psiquicamente e emocionalmente em seus aplicativos de celulares, redes sociais, assistindo televisão, ao telefone, ou, simplesmente, engolfados no silencio dos seus próprios pensamentos.
A convivência constitui-sepelo diálogo, pelo interesse dedicado a vida do companheiro e dos filhos, pela educação diária, pelo tempo e sua qualidade doados aos familiares. Atitudes que vão contra o egoísmo, razão de incansáveis desentendimentos e resultado do relaxamento dos laços de família, de acordo com a pergunta 775 de O Livro dos Espíritos. Afinal, quão árduo é olhar para o devido quarto interno, reconhecer os erros e deveras perceber que a vida vai além do próprio umbigo?
Em concordância com a questão, a teoria psicanalítica salienta o quanto a ausência da convivência entre os membros da família pode ser seriamente prejudicial na construção psíquica do ser humano. Para o psicanalista Winnicott, a ausência da figura materna, do ponto de vista afetivo, substituída pela mãe “prestadora de serviço”, ou seja, pela mãe presente fisicamente, mas ausente afetivamente, pode ter como consequência a não integração ou desintegração psíquica do filho. O que significa que a criança poderá sofrer com traços autísticos na sua personalidade, por exemplo. Por outro lado, a ausência da figura paterna, impositora de regras e limites ou representadora de um mundo que vai além da figura materna, pode levar as dificuldades de ingressão dessa criança a sociedade, além de distúrbios de comportamento na adolescência, período em que todas as regras e limites são testadas pelos jovens.
Ainda sob o ponto de vista psicológico, além dos comprometimentos psíquicos específicos, a não convivência familiar pode levar a prejuízos na formação de vínculos ao longo da vida do indivíduo. Isto é, uma criança cuja a vincularidade com os seus genitores foram danificadas pode ter sérias dificuldades de relacionamentos interpessoais ou conjugais. Isto se dá pelo fato das figuras paternas e maternas não terem sido internalizadas de maneira salutar.Visto que, em todas as suas escolhas, o adulto projeta o exemplo dos seus pais.
A este respeito, a Doutrina Espirita assevera o quanto os exemplos dos pais são fundamentais para a educação dos filhos. De modo que, a todo o momento os genitores necessitem sempre de vencer os seus vícios e aperfeiçoar as suas virtudes. Dado que, mesmo que não estejam agindo diretamente na educação, os seus filhos o estão observando em cada uma de suas atitudes, as quais, somadas com o seu livre arbítrio e as tendências trazidas de outras vidas determinarão qual será o futuro dessa criança ou adolescente.
O bom exemplo do relacionamento entre o casal também é determinante em vários aspectos da educação dos filhos, o que exige dos pais a atenção redobrada ao se esforçar em guardar as discussões para momentos oportunos. Sem criar é claro a fantasia entre os rebentos de que os relacionamentos são sempre como um conto de fadas. O importante é não expor o desnecessário, como por exemplo, denegrir a imagem do companheiro ou a suspeita de infidelidade. O que diz respeito aos dois, assim deve permanecer.
Ao casal é elementar manter rotineiramente um espaço na agenda para a convivência a dois, a fim de resgatarem os laços afetivos que podem se perder com a correrias, as responsabilidades profissionais e familiares do dia a dia. Tornando costume os momentos dedicados a trocas afetivas e diálogos amorosos. Assim acrescenta Mércia Aguiar em seu livro Fé, Esperança e Alegria ao dizer que: “ser namorados não é uma prioridade daqueles que ainda não contraíram o matrimonio. Os pais são mais namorados porque o namoro se dividiu e deu frutos, formando uma família. São mais apaixonados porque tiveram lutas e experiências vividas em comuns”.
Indispensável nesse tempo de transformação do Planeta o reencontro com as virtudes em todas as esferas da vida, crucialmente na família, célula de amor da qual os filhos recebem as sementes que determinarão os frutos de fraternidade ou de egoísmo que colherão no futuro. É tempo de mudar, dissipar as nuvens das imperfeições para que o Sol brilhe despertando o melhor que habita em cada cidadão, uma vez que o futuro glorioso pertence a todos nós.
Thaís Lúcia Machado da Silva Ramos