Jesus aparece a dois discípulos a caminho de Emaús – Parte 2
Foram alguns dos nossos ao sepulcro e encontraram as coisas tais como as mulheres haviam dito; mas não o viram!”
Então ele lhes disse: “Ó insensatos, ó corações lentos para crer tudo o que os profetas anunciaram! Pois não era necessário que o Cristo sofresse todas essas coisas e entrasse na sua glória?”
E, começando por Moisés e percorrendo todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito.
Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, Jesus fez como quem ia para mais adiante. Mas eles insistiram, dizendo: “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina”.
E Jesus entrou para ficar com eles.
E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou, depois partiu-o e distribuiu-o a eles. Então, abriram-se os olhos deles e o reconheceram, mas ele desapareceu da presença deles. (Evangelhos de: Marcos, cap. 16, w. 12 e 13- Lucas, cap.24, w. 13a 35).
O sublime Rabi tinha poderes de materializar o seu corpo perispirítico ao ponto de poder comer, beber, de ser tocado e até de apresentar suas chagas para convencer a todos que a profecia de sua ressurreição espiritual fora realizada. Ao se materializar, Jesus explicitava que não se apresentava como espírito, que não tem carne e nem ossos, e sim numa forma perispirítica semelhante a um corpo de carne e de ossos, para não deixar dúvidas quanto à sua identidade.
Embora soubesse do teor do diálogo, mas para se aproximar dos dois discípulos, Jesus lhes perguntou a respeito do que conversavam. Eles demonstraram tristeza quando responderam que falavam dos acontecimentos que sucederam com Jesus de Nazaré. Ao imaginarem que o desconhecido viajante não soubesse a respeito do Cristo, os discípulos informaram que se tratava de um poderoso profeta que foi entregue ao procurador de Roma pelas autoridades judaicas para ser condenado à morte.
Além disso, os discípulos demonstraram desapontamento ao comentarem: “Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel”. No entanto, concluíram com a narrativa dos fatos que ocorreram naquele domingo, como os relatos das mulheres, de Pedro e de João, o que poderiam comprovar a identidade messiânica do poderoso profeta, embora seu corpo houvesse desaparecido
Diante das dúvidas dos discípulos, o Mestre os admoestou por suas incredulidades e ressaltou a natureza messiânica de sua missão, tantas vezes profetizada desde Moisés. Durante o caminho, Jesus demonstrou pleno conhecimento das Escrituras. “E começando por Moisés e percorrendo todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito”. Mesmo depois dessa explanação, os discípulos não identificaram quem era o estranho viajante. Ainda assim, o desconhecido peregrino causou grande impressão aos dois discípulos. Afinal, o homem demonstrou profundo conhecimento das Escrituras e sólida argumentação ao defender a natureza messiânica de quem eles chamavam de “profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo”.
Ao chegarem a Emaús e vendo Jesus demonstrar que continuaria a caminhada, os discípulos insistiram para que ele pernoitasse porque era tarde e a noite se aproximava.
É provável que a casa onde os discípulos adentraram fosse de propriedade de um deles. Não parece que o lugar fosse uma hospedaria ou que pertencesse a outrem.
O Mestre aceitou o convite e, estando à mesa, foi convidado a distribuir o pão, o que era atribuição honrosa, geralmente atribuída ao dono da casa. O que demonstra o respeito e a simpatia que o desconhecido peregrino causou aos seus interlocutores e anfitriões.
Quando Jesus tomou o pão, o abençoou, partiu-o e distribuiu-o a eles, mudou a sua forma perispirítica, revelando a sua identidade. Logo que reconheceram o Mestre, foram surpreendidos com o seu desaparecimento. Diante desse fenômeno, os discípulos refletiram a respeito da emoção que sentiram durante a explanação de Jesus pelo caminho. O Mestre falava especialmente aos corações com o objetivo de consolar com o amor, esclarecer com a verdade e libertar com o perdão.
(Emídio Silva Falcão Brasileiro é educador, jurista e cientista da Religião, autor de 20 livros, dentre os quais “Um dia em Jerusalém”, da AB Editora. É membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia de Letras de Goiânia e da Academia Aparecidense de Letras)