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SOMOS TODOS CRISTÃOS

A Doutrina dos Espíritos, também conhecida por Espiritismo, foi-nos trazida pelo Espírito da Verdade, auxiliado por uma falange de espíritos do bem que o seguiam, na codificação sábia de Allan Kardec. Um projeto anunciado pelo próprio Mestre Jesus, que, à época, chamou-o de O Consolador Prometido.

O Espiritismo restaura o pensamento público de Jesus, conforme o que ele viveu com seus apóstolos. Segue o fundamento moral, exposto em O Evangelho Segundo o Espiritismo, e consola os dramas e as dores humanas. Mas, principalmente, traz um novo conceito sobre a morte, ditando que esta é apenas o retorno ao Reino de Deus, ao Mundo Espiritual.

E com o surgimento deste novo ensinamento, apareceram, também, muitas dúvidas e discussões. Uma das mais relevantes é: o Espiritismo é cristão ou não?

Encontramos na doutrina de amor, diversos contextos que vão de encontro às escrituras sagradas. Mas, em relação aos ensinamentos de Jesus, não podemos dizer o mesmo, pois estes são universais, válidos para todos os povos, tempos e lugares e são amplamente aplicados e divulgados na seara espírita.

A inclusão do Espiritismo, no rol das doutrinas cristãs sempre provoca discussões, às vezes acaloradas por adeptos de outros credos religiosos. Para alguns religiosos, um espírita dizer-se cristão é motivo de ofensa.

Para outros, Kardec fundou um “novo cristianismo”, de acordo com seus moldes e crenças próprias. Existem, também, os que acreditam que ele apenas reinterpretou algumas partes da teologia cristã. Importante dizer que o que Kardec fez não foi apenas reinterpretar passagens bíblicas. Ele divulgou, amplamente, os ensinamentos de amor, perdão e caridade, já há muito tempo prometido por Jesus, que poucas horas antes de ser entregue aos judeus, por ocasião da última ceia, profere as seguintes palavras:

Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João XIV: 15 a 17; 26).

Surgiu, então, essa bonita e oportuna doutrina, junto à modernidade, na sociedade europeia, quando as demais religiões começaram a perder-se, por serem consideradas inimigas do progresso, pelos estudiosos. Kardec visava a abrandar e responder as dúvidas dessa população tão carente de informação e, principalmente, de consolo, para os problemas, que, a cada dia, tornavam-se mais frequentes e inquietantes, visto que a vida moderna apresenta maiores desafios aos encarnados.

Observa-se, então, que a Doutrina Espírita surgiu inserida em um momento em que as ciências naturais e sociais ganhavam prestígio perante a sociedade. Muitos procuravam respostas que a fé, por si só, não apresentava.

Assim, é impossível negar a conexão da doutrina consoladora ao Cristianismo. Em 1864, finalmente, tal questão foi solucionada. Com a edição de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a vinculação da Terceira Revelação (trata-se da terceira, pois a primeira se deu com Moisés e a segunda com o próprio Mestre Jesus) com a teologia judaico-cristã ficou bastante evidente.

O Espiritismo demonstra a eficácia da Lei de ação e reação, através da qual cada um colhe o que planta. A evolução espiritual depende do próprio ser humano, sendo, portanto, pessoal e intransferível. Ao longo das encarnações se expia e se prova o quanto foi aprendido e, principalmente, se o indivíduo conseguiu, ou não, colocar em prática os ensinamentos do Mestre do amor. A cada um cabe, deste modo, a colheita dos seus erros e acertos.

Portanto, sempre sábio o Mestre Allan Kardec ao afirmar:

Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.

Desta maneira, o mais relevante é praticar e viver o bem; seguir Jesus e seus exemplos de fé, amor e humildade, independente da religião que tenhamos escolhido, pois Cristão é aquele que trilha os princípios de moralidade que estão contidos nas sagradas escrituras, e os espíritas de coração, com certeza, aí se inserem.

Camilla Arruda, espírita, palestrante do Grupo de Edificação Espírita/GEE e membro da cadeira nº21 da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás/ACELEG.

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