A anunciação do ressurgimento de Jesus
Tendo entrado no sepulcro e estando perplexas a esse respeito, eis que se apresentaram diante delas dois homens em vestes resplandecentes. Um deles era jovem e estava sentado à direita, vestido com uma túnica branca. Amedrontadas, inclinaram o rosto para o chão. Mas o anjo disse às mulheres: “Não temais! Sei que procurais Jesus Nazareno, que foi crucificado. Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito”. (Mateus, 28:5- 8; Marcos, 16:5-8; Lucas, 24:4-8).
Ao entrarem no sepulcro de Jesus, Maria Madalena e as outras mulheres o encontraram vazio, o que causou perplexidade e não desilusão. Quando as mulheres ainda não sabiam o que decidir, dois anjos materializados em forma de homens se apresentaram a elas. Um era jovem e o outro adulto.
O anjo de aparência jovem e com uma túnica branca estava sentado do lado direito das visões das mulheres. Ao perceberem que esses homens eram espíritos angelicais materializados ficaram com certo medo e se posicionaram com referência com seus rostos inclinados para o chão, conforme um dos costumes judaicos para oração. Elas ficaram na posição de servo, sem elevar os olhos, provavelmente com as mãos sobre o coração, com a direita sobre a esquerda, demonstrando humildade.
Ao perceber o temor e a curiosidade das mulheres devotadas ao Cristo, provavelmente o anjo de aparência adulta confortou as mulheres, informando-as que Jesus havia ressurgido, conforme o Mestre afirmara:
“É necessário que o Filho do Homem seja entregue nas mãos dos pecadores, seja crucificado e ressuscite ao terceiro dia”.
Ao mostrar o sarcofago vazio onde se encontrava o corpo do divino Messias, um dos anjos, provavelmente o encarregado da missão, recomendou que elas levassem aos discípulos de Jesus e a Pedro a mensagem consoladora da ressurreição espiritual e o convite de Jesus para que fossem a Galileia, onde ele estaria os veriam.
Enquanto o anjo falava, as discípulas de Jesus se recordaram de suas palavras e saíram do local do sepulcro num misto de medo, alegria e incertezas. Provavelmente, elas sentiram medo de que algo desagradável houvesse ocorrido com o Mestre amado alcançou seus corações.
É razoável pensar que no domingo da ressurreição os discípulos de Jesus ainda estavam sob estado de choque diante do seu martírio ocorrido na sexta-feira e do inesquecível abatimento moral que envolveu seus devotados seguidores e entes amados.
A mensagem do Cristo aos discípulos, no entanto, era de bom ânimo e de fé. O Mestre ainda lhes traria lições preciosas de paz, de união e de amor ao próximo. Jesus apareceria dez vezes para demonstrar a imortalidade do Espírito e a transitoriedade da vida terrena.
Maria Madalena, a outra Maria, mãe de Tiago, Joana, Salomé e outras mulheres foram ao encontro dos apóstolos para noticiar o acontecido. Os evangelhos detalham que foram correndo para que todos soubessem da boa notícia e pudessem atender à solicitação do Mestre. Não poderiam demorar! Foi um momento de forte emoção!
As mulheres do Evangelho sempre desempenharam papeis de muita importância na História da Vida de Jesus. Elas foram as escolhidas por ele para receber as principais notícias do Mestre por intermédio de seus assessores angelicais.
As anunciações do nascimento e da ressurreição de Jesus somente poderiam ocorrer para quem fosse portador de muita humildade, abnegação e benevolência. Aquelas mulheres foram os anjos encarnados que assessoraram Jesus antes e depois de seu desenlace carnal.
As discípulas de Jesus foram as suas mensageiras da fé, da coragem e da persistência ainda que estivessem diante de preconceitos, incredulidades e zombarias. Foram escolhidas como porta-vozes das verdades imortais e, tal qual Maria de Nazaré, nunca negaram suas missões porque diziam da intimidade da alma do mesmo modo que a Santa de Nazaré durante toda sua existência: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Sua palavra!” (Lucas, 1:38).
(Emídio Brasileiro é educador, jurista e cientista da Religião. É membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia de Letras de Goiânia e da Academia aparecidense de Letras)