Diante do Sepulcro de Jesus
Emídio Brasileiro é educador, jurista e cientista da Religião, autor de 20 livros, dentre os quais Um dia em Jerusalém, da AB Editora. É membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia de Letras de Goiânia e da Academia de Letras de Aparecida de Goiânia
No dia seguinte, isto é, depois do Parasceve, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos e lhe disseram:
“Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse em vida: ‘Depois de três dias ressuscitarei! Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que não aconteça que os discípulos venham furtá-lo e depois digam ao povo ‘Ele ressuscitou dos mortos!’ E este último engano seja pior que o primeiro”.
Pilatos respondeu-lhes: “Vós tendes a guarda. Ide e guardai-o como entendeis”.
E eles, retirando-se, puseram em segurança o sepulcro, selando a pedra e colocando soldados. (Mateus, 27:62-66).
No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena, a outra Maria, mãe de Tiago, e Salomé foram ver o sepulcro e compraram aromas para ir ungi-lo. (Mateus, 28:1 – Marcos, 16:1).
Depois de saberem que José de Arimateia e Nicodemos deram sepultamento digno ao corpo de Jesus, os principais sacerdotes e os fariseus ficaram irados e receosos com a possibilidade do cumprimento das profecias que anunciaram o reaparecimento do Messias depois da crucificação. Decepcionados, esses detratores não imaginaram que dois dos membros mais ilustres do Sinédrio eram seguidores fieis do Cristo. A partir desse episódio, eles tudo fariam para macular a reputação do divino Rabi e de perseguir seus discípulos, entre os quais, José de Arimateia e Nicodemos.
A primeira providência dos Principais sacerdotes e dos fariseus, provavelmente liderados por Caifás e Anás, foi solicitar a Pilatos forte vigilância para o sepulcro de Jesus até o terceiro dia porque justificaram ao Procurador Romano que o corpo do condenado poderia ser furtado por seus discípulos para depois proclamar ao povo que ele havia ressuscitado. Como argumento final, disseram a Pilatos: “E esse último engano seja pior que o primeiro”.
Para atender e agradar as autoridades judaicas, Pilatos ordenou que soldados romanos vigiassem o sepulcro de Jesus. Para essas autoridades, seria mais difícil subornar soldados romanos do que os guardas do templo, constituída de judeus. Ademais, se a guarda não fosse romana não haveria razão de fazer esse veemente pedido a Pilatos. Provavelmente, isso ocorreu nas primeiras horas do sábado depois da Parasceve ou Preparação, que ocorria na sexta-feira, dia em que se preparava o necessário para não que brar o repouso do sábado.
Os sacerdotes e os fariseus acompanhados da guarda romana selaram a pedra do sepulcro conforme a tradição judaica, ou seja, usaram uma corda esticada ao redor da pedra e selada em sua extremidade.
Os adversários de Jesus tomaram todas as providências para que a história da vida do Messias tivesse um fim trágico com o seu martírio na cruz. Além disso, o cumprimento da profecia com o ressurgimento do Mestre representava definitiva vitória do bem sobre o mal, da luz sobre as trevas.
No fim do sábado, quando já despontava o domingo, palavra que significa “dia do Senhor”, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago, e Salomé foram ver o sepulcro e comparam aromas para ir ungi-lo. O que consiste em mais uma homenagem dispensada ao corpo do Cristo e, provavelmente, atender a tradição de completar a unção iniciada por José e Arimateia e Nicodemos, somente interrompida devido a chegada do sábado.
Enquanto os adversários do Cristo o perseguiam para evitar mais uma das manifestações da Suprema Verdade, as suas devotadas discípulas buscavam cuidar de seu corpo para a consumação de um sepultamento digno de sua realeza espiritual. Cuidado que não mais seria necessário, pois que elas encontrariam o sepulcro vazio.
Nenhuma vontade humana poderá impedir os desígnios de Deus. Nenhuma treva poderá empanar o brilho da luz no tempo marcado para que todos possam se beneficiar das luminosidades do Amor, da Verdade e da Justiça.
O martírio, a crucificação e o sepultamento de Jesus não seriam o crepúsculo de sua trajetória espiritual, mas o necessário fechamento de um ciclo que possibilitou a abertura de outro ciclo messiânico que somente se fechará com a redenção de todas as ovelhas de seu aprisco terreno, conforme a Suprema Vontade de Deus.