Honrai pai e mãe
Após escrever sobre a nobre missão de ser pai/mãe, desta vez tratarei de qual deve ser minha retribuição como filho, depois de ter recebido todo amor e atenção, desde bebe, até a fase adulta. Meus pais são idosos. O que fazer?
o envelhecimento faz par te do curso natural da vida e acontecerá a todos nós, se não morrermos antes de atingir idades mais avançadas. Com a maturidade, o ser humano adquire maior conhecimento e segurança para dirigir o seu próprio destino. Por outro lado, o tempo limita as condições motoras do corpo físico e surgem as preocupações com as doenças, que passam a acontecer com frequência cada vez maior, fazendo se necessário um cuidado ainda mais acentuado
Ensina Allan Kardec, no capitulo 14 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que a piedade filial não pode ser negligenciada, uma vez que se encontra implícita no mandamento: “Honrai a Vosso pai e a vossa mãe”. Honrá-los, outra coisa não é, senão “respeitá-los, assisti-los nas necessidades, proporcionar lhes repouso na velhice, cerca- los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância”.
“Sobretudo para com os pais sem recursos continua Kardec -“é que se demonstra a verdadeira piedade filial. (…) Os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas, os supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Unicamente essa é a piedade filial grata a Deus”, conclui.
É corriqueiro com o envelhecimento surgirem conflitos entre os filhos quando a situação dos pais passa a exigir-lhes novas responsabilidades, cuidados e paciência. E, ao buscarem livrar-se do problema, em vez de acolher aqueles que lhes deram a oportunidade da reencarnação, causarão mágoas, dissabores e ingratidão, que poderão ultrapassar a barreira da vida física.
Aqui cabe uma ponderação: quando eu tinha cinco anos de idade e já entendia tudo ao meu redor, apesar de não dar conta sozinho de cuidar de minha vida se meus pais tivessem me deixado em uma creche e só me visitassem as vezes, eu iria gostar? Sentiria saudades? Então, qual o motivo de abandonarmos os idosos em asilos? Que exemplo estou dando para meus filhos?
Nada mais digno, pois, do que procurar compreende-los e tudo fazer para tornar a vida deles mais agradável, proporcionando-lhes contentamento, para que cumpram o que resta de sua encarnação sem tristeza ou depressão
Para nossa reflexão, deixo o Poema do Idoso, de autoria desconhecida:
*Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me.
Se minha audição não é boa, e tenho de me esforçar para ouvir o que você está dizendo, procure entender me. Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento escasso, ajude me com paciência.
Se minha mão treme e derrubo comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tentei lazer o que pude.
Se você me encontrar na tua, não faça de conta que não me viu. Pare para conversar comigo. Sinto-me só se você, na sua sensibilidade, me ver triste e só, simplesmente partilhe comigo um sorriso e seja solidário,
Se te contei pela terceira vez a mesma história num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me.
Se me comporto como criança, cerque-me de carinho. Se estou doente e sendo um peso, não me abandone. Se estou com medo da morte e tento negá-la, por favor, ajude-me na preparação para o adeus.
Peço licença para dedicar este texto à minha amada vó, apelidada carinhosamente por mim, com seu consentimento e alegria, de “gravador disparado quando repetia muito o que já havia falado. A ela, minha eterna gratidão e amor pleno.
Que Jesus nos abençoe, agora e sempre!
Marcelo Arruda Camargo integra a Academia Espirita de Letras do Estado de Goiás (Aceleg)