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Maternidade, da sombra a luz do mundo.

(Thaís Lúcia Machado da Silva, Psicóloga especialista em Saúde e Hospitalar, Instrutora de Yoga, Psicanalista Infantil. Membro do Grupo de Edificação Espírita e da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, ocupando a cadeira 23)

Mas insisto em dizer que nós, as mulheres transformadas em mães, temos a obrigação de empreender um caminho de questionamento profundo. É verdade que é difícil se transformar em mãe. É verdade que representa uma crise pouco conhecida socialmente. Mas, também é verdade que somos adultas…”

Laura Gutman

Quando nós aceitamos a missão da maternidade concedida por Deus, não temos a real clareza do que ela representará em nossas vidas no que tange às renúncias, ao reencontro com a própria sombra, às transformações e ao amor, de tal modo que partir do instante no qual um filho nasce, a mulher renasce e nasce uma mãe. Imersas na preocupação materna primária, por um período nos esquecemos e nos perdemos para nutrir o nosso pupilo em uma relação fusionada essencial para o desenvolvimento da criança. Em face dos primeiros dias, da fase do puerpério e alguns meses adiante, a mulher apresenta-se como mãe-bebê até o instante em que vamos nos redescobrindo como mulher-mãe frente a inúmeros lugares que ocupamos na família e na sociedade.

O fato é, que neste período de desencontros e reencontros com a nova identidade, a criança internalizada da própria mãe emerge aliada aos conflitos mal resolvidos da sua própria infância. Identificadas com o bebê, projetamos nossos desejos de mãe ideal e seguimos com a postura descrita pelas cobranças, medos, incertezas, culpa e intolerâncias, somados ao reencontro entre duas almas eternas com afetos ou desafetos. Respondemos aos dias de sombra que podem ser devastadores, incompreensíveis pelos familiares e dolorosos, podendo levar algumas mães ao questionamento da sua capacidade natural de acolhimento e ternura. Entretanto, “desarma-te das preocupações afetivas, anula na mente os insucessos vividos, esquece as angústias e a ingratidão, e deixa que o amor te dê vida” (Joana de Angelis, Luz nas Trevas).

Empoderadas com a força deste amor, acolheremos a verdade de que a nossa vida nunca mais será a mesma, será suprema, o casamento não será similar ao que era no passado, será melhor, o tempo não terá a mesma duração, será maior, e nós não nos reconheceremos naquela antiga mulher, pois seremos mais, muito mais. Preenchida por esse amor nos reencontramos em nosso lugar, nós acolhemos e descobrimos que a nossa existência tinha menos sentido antes da maternidade, nos adaptamos cientes de que temos a potencialidade moral de alcançar lugares antes inimagináveis. A nova mulher aparece e enriquece a vida do lar, da família e da sociedade. O filho, então, pode entregar-se a essa nova mãe, ser aceito por ela conservando a experiência de relacionamento mais intensa e fundamental que se pode ter (Berth Hellinger).

Mais conscientes de nós, compreendemos que por mais complexa que seja a tarefa da maternidade, por maiores que sejam as limitações que nos apresente, Deus jamais nos localizaríamos nesta missão se não houvesse um grande programa renovador ou reeducativo para nós. “Deus não submete a provas aquele que não pode suportar, apenas permite as que podem ser cumpridas” (O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo 14).

A mulher tem força, muita força, basta nos permitir mudar, evoluir com fé e coragem diante da missão divina da maternidade, curar a nossa criança interior ferida, declarando diariamente que “a maior força do universo é o amor” (Albert Einstein). Assim, constataremos que “a tarefa não é tão difícil quanto poderíeis pensar; ela não exige o saber do mundo; tanto o inculto quanto o sábio podem cumpri-la, e o Espiritismo vem facilitá-la, fazendo-nos conhecer a causa das imperfeições da alma humana” (O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo 14). À luz da Doutrina Espírita, redescobriremos o nosso próprio jeito de iluminar as trevas do mundo com o amor, mostrando aos nossos filhos que a felicidade depende de como decidimos sentir, perceber e viver a vida. Se um dia o nascimento do filho refletiu a nossa sombra, o nosso amor de mãe por eles ecoou a nossa luz ao mundo.

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