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Amai-vos e Instruí-vos

“Saber é o supremo bem e todos os males provêm da ignorância” (Leon Denis – No invisível, cap. 22).

Com base nessa assertiva podemos concluir que a falta do saber é um mal, ou conduz a ele. E, os Anjos do Senhor nos afirmam que o homem é mais ignorante do que mau, que todos somos carentes de amor e instrução, e que estudar e servir são rotas inevitáveis em nossa ascensão espiritual. Assim sendo, a mais relevante recomendação que nos fazem é justamente no sentido de conquistarmos a sabedoria e a bondade, como asseverou o Espírito da Verdade: “Amai-vos e Instruí-vos”.

A sabedoria é benção que não chega total e completa para ninguém. Trata-se de um empreendimento de longo e demorado curso, que se origina interiormente e se expande preenchendo os espaços mentais e emocionais do ser.

Esse potencial encontra-se em germe em todos os indivíduos, aguardando os fatores que lhe propiciem a exteriorização das possibilidades ocultas, que se transformarão em atitudes e comportamentos superiores.

Semelhante a uma semente, é invisível o seu resultado, que só o tempo revela e permite crescer, alcançando a finalidade de sua essência.

O ser humano, em sua juventude, quando irrompem as energias dominadoras, a arrogância predomina em sua natureza, tornando o indivíduo, muitas vezes, exigente, intolerante, agressivo. Com o passar do tempo, no entanto, as experiências vão trabalhando o caráter com paciência, e a sabedoria se apresenta nas suas primeiras manifestações, que podem ser identificadas como humildade, gentileza, compreensão e tolerância.

Essa transformação ocorre no ser interior, que se torna compassivo e generoso, por compreender que as criaturas são diferentes e transitam em níveis de desenvolvimento intelecto-moral muito diversificado.

Muitas vezes, essa transformação é dolorosa, porque exige humildade e coragem para reconhecer-se quando se está errado e se devem pedir desculpas. Entretanto, todos erram, aprendendo por meio das experiências perturbadoras, como não reincidir no desequilíbrio.

Essa imaturidade psicológica, porém, tem dificuldade em reconhecer os próprios equívocos e teimosamente busca defendê-los mediante recursos pouco lisonjeiros. Contudo, quando se vai despojando das injunções da ignorância e da presunção, descobre a felicidade de ser autêntico, de poder identificar os enganos e repará-los, não se afligindo com a aparência, que é sempre secundária no seu processo de crescimento interior.

Conhecendo os desafios que teve de enfrentar e os que ainda surgirão pelo seu caminho evolutivo, não exige transformações morais nos outros, nem se esquiva de crescer sempre.

A sabedoria aumenta na razão direta em que a consciência humanista se desenvolve e percebe a finalidade de sua existência no mundo.

Ser sábio não se fundamenta apenas no grau de informação ou de conhecimento que temos sobre a vida terrena.

Muitas pessoas cultas não são sabias, apesar de ostentarem um ar de superioridade intelectual.

Ninguém nasce sábio, mas apenas portador da sua semente. Valorizando o tempo e suas lições, o homem e a mulher que ambicionam o desenvolvimento da semente que conduzem no íntimo, utilizam-se bem de cada instante que lhes é concedido para aprender, para ensinar para melhorar a própria condição, bem como a qualidade de vida a que se entregam.

A sabedoria sorri enquanto a presunção e o conhecimento tolo se exibem, porque superficiais, logo se esvanecendo diante das questões profundas da existência humana e da realidade do ser. Infelizmente, mesmo ignorando esse processo de crescimento, que é natural e automático, as criaturas humanas dão-se conta da necessidade de buscarem o aperfeiçoamento moral e espiritual, a fim de se tornarem plenas.

A plenitude é meta que se deve alcançar e que se encontra inserida em todos os seres pensantes.

A sabedoria busca sempre horizontes mais amplos até perder-se na infinidade, sem afastar-se da realidade em que se deve fixar. Logo depois, o conhecimento que decorre do estudo, da observação, dos diálogos, da reflexão e do aprofundamento no conjunto das informações, encarrega-se de esclarecer o indivíduo que, amoroso, empreende a marcha do saber para ser livre encontrando a verdade.

O amor desempenha um papel fundamental para a conquista da sabedoria. Por meio dele os sentimentos se ampliam, abraçando os demais seres encontrados pela frente e não deixando pegadas de amargura ou de ressentimento pelos caminhos percorridos.

No livro “Os Prazeres da Alma”, o autor Hamed nos mostra o que precisamos aprender e analisar sobre o amor, que também é um potencial que está contido no ser humano. É um fenômeno natural a ser despertado por todos, e não simplesmente algo pronto e guardado nas profundezas da alma, esperando ser descoberto por alguém a qualquer momento.

O amor está na naturalidade da vida de cada um. É uma capacidade a ser desenvolvida, como sabedoria. Um dia, amar será tão fácil como respirar em uma atmosfera pura ou saciar a sede na água translúcida.

Amar é uma forma básica de bem viver. Nossas estruturas íntimas estão alicerçadas no amor. Sem amor tudo fenece.

Segundo o apóstolo João: “Deus é Amor. Aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.”.

Quando a humanidade aprender a amar, todos nós nos reuniremos em torno de uma só religião – O Amor. Aliás, a única religião professada por Jesus Cristo. Amar a Deus, amar ao próximo, amar a nós mesmos. Essa é a mais pura essência dos ensinamentos do Mestre.

Mesmo aquele que tem pouco amor em seu coração já possui uma pequenina chama que lhe ilumina o caminho nas tempestades escuras da existência humana. A luz de simples vela na escuridão da noite pode nos guiar seguramente, e por que não, também auxiliar os outros companheiros do cominho?

O verdadeiro amor é sempre respeitoso e abrangente, totalmente diferente da atitude possessiva e limitada dirigida apenas à parentela consanguínea. No “amor real”, nós desejamos o bem da outra pessoa e nos alegramos com sua evolução; no “amor romântico”, nós desejamos a pessoa e nos vestimos com o manto da possessividade. Por não amarmos, é que a indiferença e o desprezo vigoram no seio da sociedade.

No livro “Pensamento e Vida”, Emmanuel nos ensina que “Através do amor valorizamo-nos para que a vida, e através da sabedoria somos pela vida valorizados”. Esclarecendo-nos ainda, que bondade sem conhecimento é como um poço que mata a sede do viajante, mas não tem poder de lhe ensinar o caminho certo; e a inteligência sem o amor assemelha-se a um poste no qual se pendura um aviso, informando ao viajante o rumo a seguir, sem auxiliá-lo, no entanto, a matar a própria sede. Daí a necessidade de marcharem juntas a inteligência e a bondade. O problema é que, ainda hoje, amor e instrução não atuam em concordância, gerando intermináveis conflitos que infelicitam nossa vida. Informa-nos também que “A educação, com conhecimento e bondade, saber e virtude, não será conseguida tão só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas sim, com a consciente adesão da vontade que, em consagrando ao bem por si própria, sem constrangimento de qualquer natureza, pode libertar e polir o coração, nele plasmando a face cristalina da alma, capaz de refletir a Vida Gloriosa e transformar, consequentemente o cérebro em preciosa usina de energia superior, projetando reflexos de beleza e sublimação.”.

Por oportuno, lembramos também as sábias palavras de Francisco Cândido Xavier: “Na ignorância não conseguiríamos, como não conseguiremos, enxergar o caminho real que Deus traçou a cada um de nós na Terra. Todos nós, sejamos crianças ou jovens, adultos ou muitíssimos adultos, devemos estudar sempre… Mas, não podemos viver tão somente da inteligência. Precisamos de amor para sobrevivermos a todas as calamidades necessárias ao processo evolutivo em que todos estamos envolvidos na Terra.”

Portanto, considerando que a ignorância é apenas uma grande noite que cederá lugar à sabedoria, usemos o tesouro do amor, em todas as direções, e estendamos o bem por toda parte.

Eleci Correa de Paula Rodrigues

É membro do Grupo de Edificação Espírita e da

Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás ocupando a cadeira 36.

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